Domingo, 28 de Setembro de 2008

Matemática e poesia

Embora o poema que vou apresentar não se relacione directamente com a matemática utiliza termos matemáticos como quantidade (?), problema, soma, multiplicar por dez, que acabam por ser um pretexto para divulgar um poeta/artista do século XX que foi um dos expoentes máximos do surrealismo português. Talvez este poema aguce o apetite aos leitores para outras poesias.

 

uma certa quantidade  

                       

Uma certa quantidade de gente à procura

de gente à procura duma certa quantidade                                                                        

 

Soma:

uma paisagem extremamente à procura

o problema da luz (adrede ligado ao problema da vergonha)

e o problema do quarto-atelier-avião

 

Entretanto

e justamente quando

já não eram precisos

apareceram os poetas à procura

e a querer multiplicar tudo por dez

má raça que eles têm

ou muito inteligentes ou muito estúpidos

pois uma e outra coisa eles são

Jesus Aristóteles Platão

abrem o mapa:

dói aqui

dói acolá

 

E resulta que também estes andavam à procura

duma certa quantidade de gente

que saía à procura mas por outras bandas

bandas que por seu turno também procuravam imenso

um jeito certo de andar à procura deles

visto todos buscarem quem andasse

incautamente por ali a procurar

 

Que susto se de repente alguém a sério encontrasse

que certo se esse alguém fosse um adolescente

como se é uma nuvem um atelier um astro

 

                                                  Mário Cesariny [1923 - 2006]

 

 

Uma vez que o nosso poema fala de problema vamos deixar um pequeno desafio (clássico) para resolverem:

 

O meu avô tinha na sua horta um poço quadrado com uma figueira em cada canto, cuja água acabava durante o verão. Tentou arranjar uma solução para o problema aumentando a capacidade do poço, mas não queria derrubar as figueiras. Queria que ficassem no mesmo lugar. Depois de pensar conseguiu encontrar uma solução. O poço foi alargado. Ficou quadrado. As figueiras ficaram no mesmo lugar.

 

As perguntas:

 

Como resolveu o meu avô o problema? Que aconteceu à boca do poço? Que relação passou a existir entre as áreas da boca do poço inicial e do poço final? E entre os volumes dos dois poços?

 

(Sugestão: a melhor maneira de resolver o problema é fazer um desenho)

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publicado por Frantuco às 21:25
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